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Conversa de Anjos
Dois anjos, com penas de nuvem Sentaram-se na borda do mundo. O mais experiente tinha os olhos De sol cansado e o mais novo, Asas que cheiravam a infância. — Por que os homens pesam tanto na alma? Perguntou o pequeno, com as asas cheias de silêncio. O velho experiente respondeu: — Porque esquecem que são feitos de céu. Querem carregar todos os abismos nas costas E guardam tempestades em seus bolsos. O pequenino, que gostava das coisas invisíveis Reparou um átomo de flor brincando na pedra. — Olha, isso ainda mora neles! Se eles lembrassem da força do nascer no meio Do impossível, não criariam males tão grandes. O velho suspirou um verbo que só os anjos conhecem: — É o esquecimento que fabrica o mal. O esquecimento de que o amor não tem tamanho, De que o saber é como água -precisa correr Pra lavar o medo. No instante em que a palavra esperança Pousou entre eles, o pequeno anjo soprou Uma estrela que caiu na alma de um poeta Sonhador, e o velho sorriu, como quem Entendia que o mundo ainda tem jeito! — Os homens ainda aprenderão que: O conhecimento não pesa, é como luz Que nasce da escuridão e o amor, Ah, o amor… É o único que não cabe Nas gavetas da mente. Levantaram-se e espalharam um punhado De sonhos no ar, porque sabiam: os homens Mesmo que demorem, têm as mãos feitas Para colher estrelas.
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 17/01/2025
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