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Saudade ardida
Saudade é bicho teimoso que rói devagar, sem pressa. Não precisa de água, nem de feijão, só de um tempo esquecido na mesa, entre o café frio e o pão adormecido. Ela vem de chinelo gasto, faz poeira na estrada do peito, e se assenta na sombra dos dias como quem já sabe que fica. Saudade é vento de agosto, arranca as folhas da memória e espalha feito restolho seco num campo que não chove mais. E a gente carrega o peso dela, feito trouxa de roupa velha, perambulando no sol ardido da estrada.
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 27/02/2025
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