Saudade contumaz

A saudade me veio ontem

Com febre de quarenta graus

Trazia teu nome na boca

E uma carta escrita lá traz.

Deitei com ela na rede

Dei-lhe chá com poesia

Choramos juntos, baixinho

Num delírio contumaz.

Teu retrato na estante

já não me olha direito

Tem o olhar de quem partiu

Sem dizer o porquê do feito.

E eu?

Eu que queria apenas

Andar de metrô contigo

Tomar sorvete no cais

Rir das coisas sem sentido...

Mas tu eras impossível

Um trem-bala sem noção

Como verso que se esquece

Antes da próxima estação.